quarta-feira, 3 de março de 2010

Meu novo compromisso com a vida....


Meu compromisso com a vida

Olho para o passado com lascas  e pontas de melancolia. Caminhos que nunca trilhei hoje parecem bem mais fáceis. Amores que exigiram coragem voltam a me seduzir para me deixar ainda mais triste. Aventuras que nasceram de narcisismos e falsas onipotências reclamam explicações; como justificar tanto delírio? Não, não pretendo remontar passado. Desisto de qualquer tentativa de ressuscitar o que jaz sob a decepção.
Para refazer meu compromisso com a vida, abandono o rigor de um humanismo idolátrico. Não idealizo as iniciativas ideológicas. Sei que toda instituição convive com a sua própria inutilidade. Também não me prostro no altar do meu eu; descreio da capacidade humana de erguer-se pelos próprios poderes. Meu existencialismo é frágil, carregado de suspeita. Minha religião, cheia de decepção. Minha ideologia agoniza debaixo dos escombros da modernidade.
Para refazer meu compromisso com a vida, largo na beira da calçada as metas-narrativas. Desconfio dos projetos globais. Incoerência entre discurso e prática me desesperam. A incapacidade de vertebrar o que acredito de coração me enoja. Criei cismas. Rio por dentro; é meu jeito de sobreviver as coisas que tanto me irritavam no passado. Sei que preciso aniquilar os fantasmas que me deixaram com a sensação de ser um deus.
Para refazer meu compromisso com a vida, desisto de tentar levar a ferro e a fogo qualquer coisa. Erros me fizeram bem. Boas ações me arruinaram. Amigos me entristeceram. Desconhecidos me acolheram. Quando planejei, empaquei. Por outro lado, inesperadamente a vida deu certo sem planejamento. Sofri também com pecados. Paguei um alto preço por ser indolente. Mas, incrível, quando deixei para o dia seguinte o que deveria fazer hoje, foi bom.
Para refazer meu compromisso com a vida, quero ser leve como a pluma que escapou da asa do cisne, denso como o ruço que cobre a madrugada, escuro como a noite tropical sem lua, e transparente como o mar do Mediterrâneo. Hei de aprender a não discursar. Almejo ser mais enfático mas só em ternura; mais brando em afirmações. Pretendo rearrumar minha maneira de falar. Quero voltar a olhar para o nada, como as crianças; a entrecortar frases com longas pausas, como os monges; a ritualizar os instantes, como os namorados.
Para refazer meu compromisso com a vida, espero envelhecer sem grandes espectativas em coisas erradas. Acolher as doidices dos jovens, lembrando de como as minhas faziam sentido. Celebrar cada manhã como uma ressurreição. Aguardar o pôr-do-sol como uma grávida anseia pelo primeiro choro do filho. Plácido como um lago entre duas montanhas, espero encarar a morte. E que não reste nenhuma nesga de frustração em minha alma. E que eu descanse no sábado final com um sorriso maroto, sorriso de quem foi embora dizendo: valeu viver.
Pr.james Jr

3 comentários:

Pr.James Marklew Jr disse...

Ai amor profundo...literalmente veio da alma!!!
bel

iracy posmozer disse...

Deus te abencoe cada dia mais pr.James,um grande abraco.iracy possmozer

Unknown disse...

Deus te guie por ande andar que o senhor possa sempre levar um messagem de amor e de fe por ande passar fique com Deus.Meu e-mail e catherinezn@hotmail.com gostaria de fazer parte deste ministerio.Um abraço fernanda